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NOTA PÚBLICA

À  comunidade e demais interessados,

O Festival Caju de Leitores teve início em 2022, fruto de uma parceria inspiradora com o autor Sairi Pataxó, cuja obra "Boitatá e outros causos de índios" foi o primeiro livro inscrito no ISBN como literatura indígena.

 

O evento nasceu com o propósito de fortalecer os laços culturais e literários da juventude indígena, em especial os jovens da Aldeia Xandó, que residem no Território Indígena da Aldeia-Mãe Barra Velha, em Porto Seguro, Bahia.

A programação das edições anteriores contou com a participação de 24 autores de diversos povos indígenas, como Macuxi, Munduruku, Tabajara, Kambeba, Pataxó, Tucuju, Wapichana e Kayapó. No entanto, em 2023, a maioria dos autores presentes era de origem Pataxó.

O festival já abordou temas como grafismo, ilustração, a língua Patxohã, memórias dos anciãos locais e a importância da preservação da cultura indígena, além de discutir sobre intercâmbio indígena, a presença de indígenas em universidades e a realidade dos indígenas urbanos, bem como o uso de ervas medicinais.

Em 2023, o Colégio Estadual Indígena da Coroa Vermelha trouxe alunos para participar do evento, acampando na Escola Indígena Pataxó Xandó e desfrutando da programação oferecida. A vice-cacica Uruba da Aldeia-mãe Barra Velha também compareceu ao evento acompanhada dos alunos da Escola Indígena da Barra Velha. 

Enfatizamos que nosso compromisso reside na criação de um espaço fértil para o compartilhamento de conhecimentos, o fomento da educação e o fortalecimento das tradições indígenas, sempre promovendo diálogos enriquecedores e intercâmbios valiosos entre todos que se interessam e se dedicam à valorização da cultura dos povos originários.

Diante disso, a organização do Festival Caju de Leitores reafirma que o propósito do evento não se restringe a promover a literatura indígena, o intento também está baseado em honrar e enaltecer a vasta riqueza cultural do povo Pataxó, bem como de outros povos. 

Em respeito à população indígena, aos nossos convidados e às comunidades do Povo Pataxó, especialmente aqueles que residem no Território Indígena da Aldeia-mãe Barra Velha, nós do Caju de Leitores, gostaríamos de expressar nossa profunda tristeza em relação à nota de alerta divulgada pela ANAÍ - .

É lamentável que uma organização respeitável tenha se pronunciado sem antes buscar esclarecimentos conosco, os organizadores do Festival Caju de Leitores.

Compreendemos as preocupações levantadas sobre as questões fundiárias e as tensões envolvendo o território da Aldeia Xandó.

Reafirmamos que, ao longo dos anos, o Festival construiu uma sólida relação de parceria com a Escola Indígena Pataxó do Xandó, a Associação Comunitária Pataxó da Aldeia Xandó, e com as lideranças. Essas parcerias são centrais para a realização do Festival e refletem o nosso compromisso com a comunidade.

Nesta edição, que ocorrerá em 2024, o tema escolhido "Território: o Brasil é Terra Indígena" foi uma solicitação da própria comunidade. Acreditamos que promover o diálogo sobre território é de extrema importância, especialmente no atual contexto de luta pela demarcação de terras e pela preservação da cultura indígena.

O evento contará com a participação de lideranças indígenas não apenas do povo Pataxó, mas também de outros povos indígenas, de modo a ampliar o debate e fortalecer a causa indígena.

Ademais, em nome da organização do festival, ressaltamos nosso compromisso com as questões indígenas e reiteramos que o acesso ao conhecimento, à cultura e à educação é um dos caminhos para a valorização e o respeito aos povos originários.

Nosso objetivo é contribuir para o fortalecimento da identidade indígena, promovendo espaços de diálogo, fomento à cultura e intercâmbio de conhecimento.

O Festival Caju de Leitores está atento a todas as preocupações da comunidade e focado em garantir que todos os aspectos do evento reflitam o respeito e a parceria que sempre foram a base de nossas ações com a comunidade local.

Convidamos a todos que tenham interesse em conhecer e experimentar a riqueza do universo literário indígena a participar nos dias 3 e 4 de setembro, na Oca Tururim, Aldeia Xandó, para apoiar a literatura indígena e a resistência do povo Pataxó em defesa de seu território e cultura.

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